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Foto: Bruna Gomes / Instagram @blogdabru |
E então? Por que só existo se as letras existem em mim? Elas fazem meu corpo, meu sangue e as batidas do coração? São letras, mas são oxigênio antes de tudo. São significado e significante de tudo o que sou. Se hoje respiro com facilidade, devo à escrita. Letras que me deram vida.
Sou junção, gramática, léxico, acento circunflexo e ponto de exclamação. Sou muitas reticências na mesma frase. Sou mais parênteses do que recomendam os livros de português. Eu sou o som das palavras que pronuncio. Prefiro ser ponto e vírgula que ponto final. Sou caligrafia torta e mal desenhada, mas posso ser a mais linda carta de amor que você já leu.
Sou mais densa que autores russos, mais impronunciável que um verbo conjugado de maneira equivocada, mas menos direta que uma afirmativa. Minhas mãos pensam que fazem arte, e fazem sim. A arte desconhecida, ainda que menos prestigiada, não deixa de ser arte. Ela, arte desenhada e gerada com letras, espaços e tinta de caneta, é bela e não se desfaz. Ela vive nas páginas de um papel. É ela e só. Mas é, e é com a grandeza de uma menina-mulher apaixonada.
São palavras que fazem levitar os pés. São elas, que me pertencem; e assim somos nós, nas entrelinhas, na junção, no meu nascimento, no texto.
Por Bruna Gomes
Meu Deus, que texto lindo!!!!!! Parabéns!!
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