Vai, meu amor

Voa, passarinho. Leva junto com você um fiapo do seu ninho confortável e seguro. Leva também o meu amor, pra que eu não sinta a dor de não tê-lo. Vai, passarinho. Abre suas asas coloridas, vá até o topo da montanha, mas lembre-se que fui eu que segurei a sua asa quando ninguém queria tê-la por perto. Vai, meu amor. Mas lembra do meu sorriso, de quando você pousava perto de mim, de quando fazia piada, de quando você me dava amor. Voa... Voa por todo o céu azul cintilante e lembre-se que meus olhos eram castanhos e complicados de se entender. Vai, meu amigo. Procura outras árvores que te deem descanso e proteção; busca por frutos maduros e doces; deixa para trás o amargo e o insosso. Volta, meu bem, se achar que deve voltar, se precisar de um amontoado de penas quentinhas pra se aquecer. Só não se esquece, que eu sou passarinho pequeno, mas busco penhascos maiores para me jogar e aprender a voar. Busco flores mais coloridas para poder pousar e ninhos mais aconchegantes para descansar. Lembre-se, passarinho arco-íris, que o meu Sol é o mesmo que o seu, que as nuvens que pairam sobre ti são as mesmas que pairam sobre mim. Lembre-se que o riacho que mata a nossa sede é o mesmo. E pode ser que um dia, sem querer, passe um barquinho colorido, daqueles despretensiosos. Nesse barquinho, meu amor, pode estar outro passarinho, tão brilhante, colorido, tão amável quanto você.

Por Bruna Gomes