Um passarinho me ensinou - por Júlia Groppo

16 outubro 2015
Foto: weheartit.com
Certo dia, em um daqueles tempestuosos, em que fazia tempo feio dentro de mim, ele chegou de leve - para não causar ainda mais transtorno - e me aconselhou. Eu estava na defensiva, como se pudesse atirar espinhos para todos os lados. Mas ele, com todo seu jeito leve de passarinho, chegou mais perto, como se pudesse entender cada detalhe dos meus sentimentos. Eu, sendo o tipo de pessoa que cria muitas expectativas, estava decepcionada com uma pessoa muito importante para mim. Eu havia, novamente, depositado confiança demais nessa pessoa e sabia que a culpa era toda minha. Ele também sabia disso e, por ter muita experiência, me aconselhou: "Não adianta apertar, espremer ou chutar o que já está machucado. É preciso desfrouxar, aliviar, tirar a dor". 

Muita alma nessa hora, ele sussurrou. 

Depois de ouvi-lo, percebi que as coisas são assim mesmo. O mundo nos dá oportunidades, escolhas e coloca pessoas em nossos caminhos, mas elas podem ser tiradas de nós na mesma medida. Uma oportunidade pode passar num piscar de olhos, uma escolha certa pode, no fim das contas, ser a errada e uma pessoa sai da sua vida da mesma forma que entra: repentinamente. No fundo, eu já sabia disso, mas às vezes, preferimos nos enganar do que enxergar a realidade. 
Foi então que ele me emprestou suas asas para que eu pudesse voar e enxergar minha situação de longe, como um dia uma amiga já havia me ensinado. Eu consegui e descobri que posso me salvar, quantas vezes for preciso. Sei que posso ser a minha única saída, meu conselheiro mais fiel e também a única pessoa a me ajudar. Posso ser a minha tempestade e, ao mesmo tempo, a minha solução. Pois as oportunidades passam, as escolhas nem sempre dão certo e as pessoas... Ah! As pessoas vêm e vão! 
A partir dali, eu sabia que não iria mais precisar dos outros, no sentido de necessitar para minha própria sobrevivência, mas sim por opção, pois eu seria a minha melhor companhia. Foi nesse mesmo momento que descobri: eu havia crescido. Sem dúvidas, não o suficiente para passar o resto da vida ilesa de novos problemas, mas certamente dei um grande passo em direção às descobertas importantes sobre mim mesma. 

Você estava certo, passarinho. 

Por Júlia Groppo

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