Estamos à espera do trem

14 março 2015
Foto: weheartit.com

Era um simples almoço, sem compromissos, mas se tornou fonte de inspiração. A convidada era eu, mas o foco era ela. De sorriso gigante, seus dentes brancos faziam contraste com o azul brilhante dos olhos, que não deixavam passar qualquer movimento feito por mim. Vi na Júlia, um receio explícito, mas uma vontade de evoluir prestes a explodir e a transbordar. Ela é assim, uma estudante do segundo ano de jornalismo que não quer ficar parada. Quer, assim como eu quero e assim como um dia idealizei, seguir os passos de outras mulheres-feitas da moda.
A Júlia não está apenas contente de permanecer onde está e é aí que reside a beleza de tudo isso. Ao pensar no mundo em que estamos inseridos atualmente, a menina de olhos bonitos se destaca e não fica parada esperando que a onda da sorte chegue até ela.
 A Júlia já calçou seus sapatos de corrida. Está pronta para o cooper mais cansativo de sua vida, mas que renderá bons frutos daqui para frente. Ela não tem medo das bolhas que podem vir a adornar seus pés e nem das possíveis cãibras que sentirá ao longo do caminho. Eu me vejo um pouco na Júlia.
Sei que, como eu, na hora de dormir, ela faz planos para o dia seguinte; logo depois, começa a planejar o mês seguinte e, antes de pegar o sono, já sabe o que deverá fazer dali a dois anos. Embora a certeza escape de suas mãos, ela não pretende mudar seus caminhos. Enfrenta opiniões alheias, as quais considera equivocadas, sem medo de perder suas amizades.
Essa é a menina dos pensamentos fortes.  Ela confirma a teoria de que nem tudo está perdido, de que nem todos os jovens são acomodados. A garotas dos olhos enormes, do sorriso gigante e dos dentes brancos pode ter menos que 1,60m, mas é grande, sonha grande, pensa grande também.
Acho que a Júlia vai se destacar. Ela vai tomar decisões ao longo de sua vida, mas, por sua imensa vontade de alcançar seus objetivos, vai chegar onde quer na maioria das vezes. Júlia também vai chorar. Vai, sim, porque o caminho mais difícil é sempre mais solitário, mais duro e muito mais comprido.  O que ela não sabe é que outra ponta do túnel, que ela escolheu seguir, é muito bonita. Lá, ela irá se sentir realizada e fortalecida. Irá se lembrar de como chorou em seu travesseiro e de como se sentiu pequena, mas sabe que tudo terá seu valor.
Agora, Júlia ainda está na estação do trem, sentada em uma cadeira, com um livro na mão e uma roupa bonita, junto a outras pessoas que não podem enxergá-la por conta da rotina entediante na qual o mundo nos insere. Mas ela está lá, olhando o relógio com impaciência, fazendo planos em seu caderno de capa customizada, transparecendo alegria e gratidão.

Calma, garota. Logo o trem chega e você pode partir rumo aos seus sonhos. 

Por Bruna Gomes

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