Pelas veias do corpo

29 maio 2015
Foto: www.weheartit.com
Ele nasce de uma inquietação. É uma espécie de cócegas interna. Uma sensação de vazio que deixou de ser vazio para se tornar algo mais expressivo do que apenas um nada. Então ele vai se transformando em sentimento de ansiedade, e vai subindo. Vai subindo pelas veias do corpo, navegando pelo mar de líquido vermelho que corre dentro e o impulsiona até chegar à extremidade pensante.
Mas não basta isso para que ele deixe de ser para se transformar. É necessário que percorra mais alguns quilômetros, como uma forma de crescer, encorpar. É um caminho tão vital como o oxigênio que corre ao seu lado, embora ele saiba para onde deve ir e o que se tornará quando lá chegar.
Então, a longa jornada vai tomando um ritmo mais lento, mais sofrido e mais cansado. Suas pequenas barbatanas vão ficando exaustas de remar, mas estão satisfeitas e mais madura.
Ele deixa de ser nada. Evolui até um patamar que era desconhecido antes de dar início à caminhada. É assim que chega ao órgão bombeador. Aquele erroneamente representado por um simples desenho. E é lá o mais importante lugar que ele precisava chegar.
Para finalizar sua evolução, é importante que ele escorra e se traduza através das ferramentas mais úteis que o homem já conheceu: os dedos, uma caneta e um papel.
E assim nasce um bom texto; aquela coisa que deve ser preparada com tantos detalhes; aquela coisa que deve ser produzida como uma comida gostosa deve ser feita.
Um texto não é apenas um amontoado de palavras. É uma pequena vida que nasce de uma longa caminhada e escorre pelos sentimentos mais bonitos até crescer, como uma criança que aprende a andar ou a correr. Ele é fruto do mais bonito amor de seu criador e tem vida longa em cada tradução de seu viver.

Por Bruna Gomes

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