Muitas pessoas vêm me perguntar "como você consegue ler tanto?", ou "de onde você tirou toda essa vontade para ler?", ou, até mesmo, "como faço para ler como você?". O que eu passei a refletir depois de muitas perguntas como essas serão mostradas neste texto e, acredite, nada é por acaso. Comecem a ler o texto com esta frase piscando na cabeça: nada, nadinha, nadinha mesmo, acontece sem querer, sem esforço. NADA é por acaso. Não foi em um instante qualquer que fiquei louca por livros, não foi de repente que Machado de Assis começou a escrever brilhantemente. Um monumento/obra não se materializou levando o nome de Oscar Niemeyer. Não. Todos nós temos que fazer um esforço, uma caminhada para chegar onde queremos. O meu hábito de leitura não é e não foi diferente.
Vejam bem... Quando eu era criança, aos 4 ou 5 anos, não queria livros de presente. Eu gostava deles, claro, porque eram divertidos e tinham figuras legais. Mas eu queria mesmo eram os brinquedos. Como uma filha única mimada, às vezes, eu chorava na loja, pois queria todas as Barbies da prateleira. Odiava ganhar roupas e só queria saber de brincar, rabiscar, inventar. E é aí que vem o ponto importante de tudo isso. A minha família, como muitos sabem, foi parte fundamental para que eu crescesse e gostasse tanto de ler. Foram eles, meus pais e avós que plantaram a sementinha, que delicadamente deixaram que o amor pelas palavras fosse entrando em mim. Não posso deixar de citar os colégios em que estudei: Objetivo Sorocaba e Uirapuru. Me lembro bem ao entrar no Objetivo, depois de estudar no Uirapuru, e ter escrito um livrinho em sala de aula. Não me recordo exatamente o nome da professora incrível que aplicou o exercício em nós, crianças do pré, mas sei o quanto isso me deixou empolgada. Em cada dia dessa atividade, tínhamos que continuar nossas historinhas e fazer, ainda, a ilustração.
Outro fator fundamental foi a criatividade do meu avô, um senhor de tantos anos e tantas boas ideias. Certa vez, o senhor Newton Gomes (do bigode branco e cabelo de algodão) chegou com um baú de madeira e uma folha impressa com as palavras Baú dos Sonhos. Com uma cola, intitulou aquela caixa velha e criou um portal para um mundo mais colorido e divertido. Podem rir, mas eu e meus primos passávamos horas brincando com os óculos velhos, sem lente, com os fantoches de pano, com os livrinhos infantis que ele deixava lá. Esperto esse meu avô. Fez o milagre que hoje só os ipads e celulares conseguem fazer com as crianças. E a gente não era fácil não! Subia em tudo, fuçava tudo, brincava na cozinha, deixava tudo de pernas para o ar. E como nós brincamos!
Tudo isso, todas essas pequenas histórias sobre a criança que um dia eu fui -e que, vira e mexe, aparece para dizer um oi- fizeram com que hoje eu seja uma leitora compulsiva (sem o lado negativo da palavra!). Porque, sim, eu leio diariamente e, se não houvessem outros compromissos, eu leria mais. Coitada de mim, quando eu achava que, se não tivesse um namorado, estaria sozinha... Nunca estou sozinha! Com meus livros tenho, no mínimo, um personagem por obra. Nunca, nunca, nunca estou sozinha. Hoje sei bem disso.
Foi por causa de JK Rowling que eu me apaixonei pelo Rony Weasley; foi por causa de Meg Cabot que me apaixonei pela Mia e por Genóvia; Foi por Machado que eu virei advogada da Capitu. E por aí vai... Os benefícios foram, e continuam sendo, muitos! Entenderam de onde vem tudo isso? Esse blog, minha biblioteca, meu Instagram, minhas horas trancadas em casa, minhas faturas do cartão de crédito, minhas passagens pela livraria Cultura, as horas na Bienal do Livro? Não foram em vão e as coisas não surgiram como um passe de mágica. Por fim, espero conseguir transmitir todo esse meu amor para vocês com meus posts e publicações em redes sociais, porque, honestamente, nunca é tarde para começar e eu vou ficar muito feliz de ser, vezemquando, um jardineiro na cabeça de cada um de vocês.Com amor,
Bru Gomes





Adorei!!! Ótimo texto! <3
ResponderExcluirNatália Galhardo
Este é um sonho meu, que sempre esteve dentro daquele Baú: um dia, todos os seres humanos terão, à sua disposição, um Baú igual. Espero que todos possam abri-lo ou, se forem crianças, que alguém abra para elas.
ResponderExcluirBeijoca!
Newton