Agora eu entendi

11 julho 2014
Imagem: weheartit.com
Quero fugir do clichê. Tudo o que eu penso, no momento, se resume a isso. Quero fugir do clichê das frases que escrevo, quero passar longe do clichê do amor, do emprego sem graça, da vida insossa. Quero a vida diferente de sua versão tradicional. Pretendo, aspiro, busco algo que ainda não foi escrito, que ainda ninguém viveu, que ninguém pensou. Mas onde estão as palavras que procuro? Não entendo. Já olhei de baixo das cobertas, dos sapatos jogados no chão; já busquei no Google, mas não encontro as palavras corretas. Toda a originalidade fez as malas e foi-se embora! Não deixou nem um bilhete de despedida. Eu fiquei aqui com a página em branco, que continuou em branco, pois me recusei a escrever bobagens cheias de clichês efêmeros. Quero a nuvem na cor roxa, o sol em tom de azul bebê, a grama branquinha. Percebe? Quero poder mudar tudo e dar um sabor novo ao sabor habitual. Quero palavras de trás pra frente, quero Paris na Itália e Veneza na França, quero mudar tudo. Você me permite? Me permite bagunçar tudo e colocar em lugares diferentes? Me permite amar do começo ao fim? Me permite amar e viver uma vida que não está nos livros... ainda? Porque do igual eu não quero nada. Nem o eu te amo, nem os beijos, nem a maneira de amar. Quero conhecer o desconhecido e fugir, sem pensar, daquilo que eu já conheci. E que tal começar buscando palavras novas no dicionário? Que tal escrevê-las em cartazes gigantes? Quem sabe andar de bicicleta e deixar o carro na garagem? Eu aceito, se não for igual. Aceito até mudar o meu próprio jeito, o cabelo, a roupa, o batom. Aceito doar os sapatos velhos, comprar outros e andar por outros lugares. Podemos viajar de carro sem destino? Vê que eu só quero fugir do que não dá frio na barriga ou "borboletas no estômago". Podemos tudo! Podemos pensar diferente e até agir diferente. 
Quero fugir, mas tudo o que encontro são clichês pensados, criados e formatados para mim: olho no olho, filmes, cobertas, carinho, flores, passeios de mãos dadas, textos melosos, livros-de-mulherzinha, pacotes de chocolate, algumas taças de vinho. Ok. Agora eu entendo. Não dá para fugir. Tudo vai se parecer e ser diferente na essência. Algumas cenas vão se repetir, mas o que é realmente importante vai mudar, variar, ter outra forma. Ok! Entendi! O clichê também é bom, porque dá para colorir de outra forma, dá para usar outro perfume, ir para outros lugares, amar diferente, mas com a mesma raiz. 
Tá bom. Agora tudo fez sentido. O clichê é minha sina. Vou amar de corpo e alma, entregar tudo e mais um pouco, mas é todo o resto que vai ser diferente. Pode ter flor igual, mas as mãos que as entregam serão outras. Pode ter saudade igual, mas a mensagem no final da noite vai sempre chegar no celular. Pode ter carta de amor, mas as palavras podem ser diferentes. 
Então tudo fez sentido. Agora eu entendi. 

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