Desde pequena, me ensinaram que ler era algo essencial. Ao longo do tempo, fui vendo que ler era mais que isso. Ler me tornava mais esperta, mais ligada em tudo o que estava ao meu redor, ler até me dava mais assunto em uma roda de conversa. Com o passar dos anos, a leitura me presenteou com algo muito, mas muito maior que somente ler um livro por diversão. A leitura pelo prazer de aprender me apresentou à escrita. Essa dupla, com certeza, é grande parte de mim e acho que sempre vai ser. Hoje, eu compreendo que ler é o melhor caminho para o encontrar o nosso infinito. Bem... Eu só fui compreender melhor a grandeza disso tudo quando eu cresci, pois as pessoas mais inteligentes que eu conhecia (e que eu conheço ainda hoje) eram aquelas que amavam ler. O infinito que eu encontro na literatura, seja ela qual for, são as histórias diferentes que eu posso viver, mesmo que por alguns minutos. Essas histórias são como máquinas que me transportam para outros mundos, outras épocas, que me transportam para perto de outras pessoas.
Minha relação com a escrita também é algo avassalador. Se algo diferente acontece, corro para o computador e destilo meus sentimentos. É algo fundamental para minha saúde. De verdade! É como tirar o nó da garganta, é como aliviar a vontade de chorar ou traduzir em palavras a minha satisfação de viver. E, claro, existe a profissão que eu escolhi para minha vida. O Jornalismo, mesmo que com todos os seus defeitos, está aí, mais destacado que nunca, para provar que a sociedade não sobrevive sem a leitura e a escrita, que compõem essa profissão.
O jornalista Laurentino Gomes (ele não é meu primo ou qualquer coisa do tipo! rs), que escreveu os livros 1808, 1822 e 1889, conversou comigo justamente sobre essa arte que eu tanto amo. Laurentino também falou um pouco sobre o Jornalismo, profissão que rendeu a ele 30 anos de uma carreira muito premiada e cheia de conquistas. Vamos ver?
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| Imagem: veja.abril.com.br |
Laurentino Gomes: Eu trabalhei com repórter e editor de jornais e revistas durante mais de trinta anos, mas sempre tive um grande interesse pelo estudo da História do Brasil. É como se fosse uma paixão paralela à do Jornalismo. Em 2007, decidi transformar essa paixão em livros-reportagem. Na verdade, foi uma coincidência entre o meu interesse pessoal pela História e uma oportunidade que surgiu no meu caminho. A revista Veja, onde eu trabalhava até então, tinha o projeto de fazer uma série de edições especiais sobre a História do Brasil, que seriam distribuídos de brindes para os assinantes. Fiquei encarregado de produzir uma dessas edições, sobre a fuga da corte de D. João para o Rio de Janeiro. O projeto da Veja, no entanto, foi cancelado e eu decidi transformá-lo em um livro-reportagem por minha própria conta e risco. O resultado foi minha primeira obra, 1808, lançada na Bienal do Livro do Rio de Janeiro de 2007. Três anos mais tarde, lancei 1822, sobre a Independência, e, agora, 1889, sobre a Proclamação da República.
2)Blog da Bru: Qual dica você daria para quem quer seguir carreira de escritor?
Laurentino Gomes: Em primeiro lugar, é preciso ler e estudar muito. Bons escritores são sempre bons leitores. Sem ler, ninguém apreende a escrever. Ler é uma das formas mais agradáveis e prazerosas de aprender. Quem lê consegue ir além dos limites da própria vida porque amplia seus horizontes com a experiência dos outros. Eu me habituei a ler desde a infância. Sou um leitor voraz até hoje e leio principalmente literatura de ficção, o gênero que, no meu entender, mais estimula a criatividade no texto. Além disso, para se tornar escritor é preciso paciência e senso critico. Geralmente, os primeiros textos são medíocres, não merecem ser publicados nem lidos por ninguém. O autor precisa reconhecer isso, persistir no esforço de melhorar a criação e se manter aberto à crítica dos outros.
3)Blog da Bru: Qual a fase mais difícil por qual você passou na hora de escrever seus livros?
Laurentino Gomes: Para mim, a fase mais difícil é a da escrita. Gosto mais de pesquisar do que de escrever. Por isso pesquiso sempre sozinho, em busca do prazer da descoberta relacionada aos personagens e acontecimentos. Na hora de escrever, é preciso ter disciplina, organização e senso de edição. Muitas vezes, eu demoro muitas horas, até dias, para encontrar o lead ou o enfoque correto de um capítulo. Isso pode ser bem desgastante para um escritor.
4)Blog da Bru: Qual é a melhor recompensa que um escritor tem após finalizar seu livro?
Laurentino Gomes: A melhor recompensa está no contato com os leitores. No meu caso, sempre fico emocionado ao ver que uma criança ou um adolescente passou a ser interessar pela História do Brasil depois de ler um dos meus livros. O carinho dos leitores é contagiante. Por isso, sou um escritor que bota o pé na estrada em busca dos leitores.
5)Blog da Bru: Que característica você considera mais importante em um escritor?
Laurentino Gomes: Um bom escritor precisa ter a habilidade de escolher as palavras para contar uma estória ou transmitir uma ideia. Ou seja, tem de saber escrever. Aplico nos meus livros o conhecimento e a experiência adquiridos como jornalista em mais de trinta anos de atividade como repórter e editor de jornais e revistas. Tento demonstrar com os meus livros que a História do Brasil pode ser fascinante, divertida e interessante, mas sem ser banal.
6)Blog da Bru: Qual foi o motivo que fez você escolher o jornalismo para sua primeira formação?
Laurentino Gomes: Na escola, quando eu era criança, sempre gostei mais de Ciências Humanas do que de Ciências Exatas. O que significa que minhas notas em História sempre melhores do que em Matemática, Física e Biologia. Esse interesse também me levou ao Jornalismo.
7)Blog da Bru: O Jornalismo te deixou frustrado em algum momento da sua carreira?
Laurentino Gomes: Como em qualquer atividade, há momentos de alegria e também de tristeza e frustração na atividade jornalística. Isso aconteceu várias vezes comigo. Às vezes, era a apuração de uma reportagem, que não tinha ficado tão boa quanto eu gostaria. Também tive enfrentar divergências com chefes e colegas de redação a respeito da edição de uma ou outra material. Mas eu diria que na maioria das vezes foi mais feliz do que infeliz na profissão. Isso inclui essa etapa atual, na qual eu continuo a ser jornalista, mas trabalhando com outro format - os livros-reportagem.
Quem pensa em ser escritor? Já leram os livros do Laurentino? Quem vocês gostariam que eu entrevistasse?






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