Sendo feliz por nada

19 julho 2013

Estou lendo um livro de crônicas da Martha Medeiros. Ele se chama "Feliz por Nada". Como a curiosidade fala mais alto quando se trata de mim, fui direto nesse texto que dá nome ao livro. E por incrível que pareça, ele me fez tão bem, me trouxe uma calma...

Porque sou daquelas que pensa muito. Penso em tudo. Se estou quieta, pode apostar, estou pensando. Não que eu pense sempre em coisas úteis. Pode até ser sobre um risquinho no papel, mas eu posso pensar nele. As vezes eu penso mais que deveria e as vezes isso me faz mal. Só queria dizer que um dos meus pensamentos frequentes é sobre a questão de ser feliz. Por ser muito emotiva, passional e facilmente 'magoável', choro muito, muitas vezes por nada. Eu não gosto disso. Não quer dizer que eu não aceite isso em mim. Mas será que todas as minhas crises de choro tem um motivo de ser? Afinal, eu tenho tudo e isso é motivo para não parar de sorrir! Digo, tenho casa, comida, minha família, estudo em uma ótima universidade. Pra que chorar?

Então, ultimamente tenho parado com essa besteira. Penso 3, 4, 5 vezes antes de derrubar uma lágrima. Porque ser feliz é só questão de ser, não é mesmo? Martha me disse, através de suas palavras. Que a felicidade está nas coisas mais simples. Essa tal de felicidade pode ser criada. Você pode ser feliz deixando de se culpar pelo erro, você pode ser feliz por ter aceitado esse mesmo erro. Você pode ser mais feliz ainda se aceitar ser quem você é. Porque isso é o mais importante.

Ao meu ver, a vida é feita de infinitos caminhos, com infinitas possibilidades e, se perceber que está no caminho errado, não é vergonha nenhuma voltar atrás. Todos somos perfeitos com nossas imperfeições e cada um sabe o que tem dentro de si.

Depois de muito pensar, concluo: felicidade para mim é poder ser a melhor versão de mim mesma e estar rodeada de amor. Só.


Feliz por nada - Martha Medeiros

Geralmente, quando uma pessoa exclama "Estou tão feliz!", é porque engatou um novo amor, conseguiu uma promoção, ganhou uma bolsa de estudos, perdeu quilos que precisava ou algo do tipo. Há sempre um porquê. Eu costumo torcer para que essa felicidade dure um bom tempo, mas sei que as novidades envelhecem e que não é seguro se sentir feliz apenas por atingimento de metas. Muito melhor é ser feliz por nada.

Digamos: feliz porque maio recém começou e temos oito longos meses para fazer de 2010 um ano memorável. Feliz por estar com as dívidas pagas. Feliz por alguém que lhe elogiou. Feliz porque existe uma perspectiva de viagem daqui a alguns meses. Feliz porque você não magoou ninguém hoje. Feliz porque daqui a pouco será hora de dormir e não há melhor lugar no mundo mais acolhedor que a sua cama.

Esquece. Mesmo sendo motivos prosaicos, isso ainda é ser feliz por muito.

Feliz por nada, nada mesmo?

Talvez passe pela total despreocupação com essa busca. Essa tal de felicidade inferniza. “Faça isso, faça aquilo”. A troco? Quem garante que todos chegam lá pelo mesmo caminho?

Particularmente, gosto de quem tem compromisso com a alegria, que procura relativizar as chatices diárias e se concentrar no que importa pra vale, e assim alivia seu cotidiano e não atormenta o dos outros. Mas não estando alegre, é possível ser feliz também. Não estando realizado, também. Estando triste, felicíssimo igual. Porque felicidade é calma. Consciência. É ter talento para aturar o inevitável, é tirar algum proveito do imprevisto, é ficar debochadamente assombrado consigo próprio: como é que eu me meti nessa, como é que isso foi acontecer comigo? Pois é, são os efeitos colaterais de se estar vivo.

Benditos os que conseguem se deixar em paz. Os que não se cobram por não terem cumprido suas resoluções, que não se culpam por terem falhado, não se torturam por terem sido contraditórios, não se punem por não terem sido perfeitos. Apenas fazem o melhor que podem.

Se é para ser mestre em alguma coisa, então que sejamos mestres em nos libertar da patrulha do pensamento. De querer se adequar à sociedade e ao mesmo tempo ser livre.  Adequação e liberdade simultaneamente? É uma senhora ambição. Demanda energia de uma usina. Para que se consumir tanto?

A vida não é um questionário de Proust. Você não precisa ter que responder ao mundo quais são suas qualidades, sua cor preferida, seu prato favorito, que bicho seria. Que mania de se autoconhecer. Chega de se autoconhecer. Você é o que é, um imperfeito bem-intencionado e que muda de opinião sem a menor culpa.

Ser feliz por nada talvez seja isso.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Na hora de comentar, não se esqueça de escolher o seu perfil, logo ali, embaixo do quadro branco! Quem não tiver blog ou conta no google, a melhor opção é NOME/URL. Voltem sempre! Beijos, Bru Gomes!